terça-feira, janeiro 30, 2007
sábado, maio 13, 2006
O Direito ao Riso
.
Quando contemplo «O Outro Eu», de Lewis Townsend, penso em como o divertimento que me surge, quando descubro manifestações da parte que em mim julgo oculta, pode ser exactamente o contrário para o estranho que paira junto desta pluralidade. Porque a descoberta por parte do outro que se aplica sem precauções é sempre sensação de ter saído defraudado, ao dar com o que não contava. Enquanto que o próprio sujeito não pode senão rir do vulto dobrado que se emboscava, sem saber que, há muito, era esperado. É bem certo que o que surpreende amplia o sofrimento.
Quando contemplo «O Outro Eu», de Lewis Townsend, penso em como o divertimento que me surge, quando descubro manifestações da parte que em mim julgo oculta, pode ser exactamente o contrário para o estranho que paira junto desta pluralidade. Porque a descoberta por parte do outro que se aplica sem precauções é sempre sensação de ter saído defraudado, ao dar com o que não contava. Enquanto que o próprio sujeito não pode senão rir do vulto dobrado que se emboscava, sem saber que, há muito, era esperado. É bem certo que o que surpreende amplia o sofrimento.
domingo, abril 23, 2006
Dois Estranhos, Um Destino
.
Ao olhar esta «Entrevista Com o Destino», penso em quão estranhos são um para o outro, o conceito dos Gregos Antigos e o que fazemos hoje do mesmo. Se ambos os casos apresentam entidade superior impondo-se às prevenções e aos projectos, para os Helenos ele era castigador do orgulho dos homens e redutor da auto-suficiência dos Deuses, sempre uma sanção contra censurabilidade manifestada. Enquanto que, nos nossos dias, o tendemos a ver como desculpa dos nossos erros e falhanços, pela imposição que teria triunfado sobre esforços assim insusceptíveis de desaprovação. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades?
Não, mudam-se os tempos, muda a intensidade do carácter.
Ao olhar esta «Entrevista Com o Destino», penso em quão estranhos são um para o outro, o conceito dos Gregos Antigos e o que fazemos hoje do mesmo. Se ambos os casos apresentam entidade superior impondo-se às prevenções e aos projectos, para os Helenos ele era castigador do orgulho dos homens e redutor da auto-suficiência dos Deuses, sempre uma sanção contra censurabilidade manifestada. Enquanto que, nos nossos dias, o tendemos a ver como desculpa dos nossos erros e falhanços, pela imposição que teria triunfado sobre esforços assim insusceptíveis de desaprovação. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades?
Não, mudam-se os tempos, muda a intensidade do carácter.
sábado, abril 15, 2006
Crime Sem Castigo?
.
Pensava passar pelo processo de recuperação vivido por Raskolnikov. Mas, no fim de contas, matar uma identidade blogosférica não é bem assassinar uma pessoa, por muito que a estimemos mais. Para além de ser ida com volta ao alcance de um post, trata-se de uma intermédia acção, entre o homicídio e o suicídio. Um acaba por neutralizar o outro. Por muito a sério que se leve o desdobramento bloguístico da personalidade, a retirada de um projecto de fim seca à nascença, pela eficácia imediata, a força regeneradora da expiação. Há arrependimento, no sentido de voltar atrás. Não há remorso, justamente por se ter essa possibilidade. E haverá castigo? A frivolidade de continuar em frente aponta para que não. Mas talvez ele esteja na própria permanência...
Pensava passar pelo processo de recuperação vivido por Raskolnikov. Mas, no fim de contas, matar uma identidade blogosférica não é bem assassinar uma pessoa, por muito que a estimemos mais. Para além de ser ida com volta ao alcance de um post, trata-se de uma intermédia acção, entre o homicídio e o suicídio. Um acaba por neutralizar o outro. Por muito a sério que se leve o desdobramento bloguístico da personalidade, a retirada de um projecto de fim seca à nascença, pela eficácia imediata, a força regeneradora da expiação. Há arrependimento, no sentido de voltar atrás. Não há remorso, justamente por se ter essa possibilidade. E haverá castigo? A frivolidade de continuar em frente aponta para que não. Mas talvez ele esteja na própria permanência...
segunda-feira, abril 03, 2006
Máquina de Assalto
.
A «Dúvida», título desta fotografia, vi-a sempre como o laço pronto a manietar-nos, impedindo a aplicação de todo o nosso ser na adopção do ritmo que naturalmente acompanharia o sentido da corrida que iniciámos. Não nos impede de prosseguir. Retarda é o cruzar da meta que foi proposta por nós ou por outros. Pode ajudar, quando dificulte a cadência acima das nossas forças. Pode asfixiar, quando nos force a andar de cabeça baixa. Tudo somado, depende da solução que lhe dermos. Outra dúvida, regresso ao ponto de partida.
A «Dúvida», título desta fotografia, vi-a sempre como o laço pronto a manietar-nos, impedindo a aplicação de todo o nosso ser na adopção do ritmo que naturalmente acompanharia o sentido da corrida que iniciámos. Não nos impede de prosseguir. Retarda é o cruzar da meta que foi proposta por nós ou por outros. Pode ajudar, quando dificulte a cadência acima das nossas forças. Pode asfixiar, quando nos force a andar de cabeça baixa. Tudo somado, depende da solução que lhe dermos. Outra dúvida, regresso ao ponto de partida.
segunda-feira, março 20, 2006
A Resistência à Tortura
.
Quantas vezes não fui posto a tormento pela minha necessidade de segurança que fazia aquietar-me sobre uma versão de mim em que fingia acreditar! E quando reagi, o interrogatório que me dirigi não hesitou em servir-se das técnicas de persuasão para me extorquir a verdade, em nome de um arrependimento com que o eu respondente não parecia querer colaborar. Não se tratava de qualquer anómala cisão da personalidade, mas da luta interior que impedisse o triunfo da facilidade conveniente ou das resistências que colocavam o grão sabotador na engrenagem da regeneração.
Quantas vezes não fui posto a tormento pela minha necessidade de segurança que fazia aquietar-me sobre uma versão de mim em que fingia acreditar! E quando reagi, o interrogatório que me dirigi não hesitou em servir-se das técnicas de persuasão para me extorquir a verdade, em nome de um arrependimento com que o eu respondente não parecia querer colaborar. Não se tratava de qualquer anómala cisão da personalidade, mas da luta interior que impedisse o triunfo da facilidade conveniente ou das resistências que colocavam o grão sabotador na engrenagem da regeneração.
terça-feira, março 14, 2006
Exorcismo de Mim
Quantas vezes não me assalta a sensação de estar possesso pelo eu que não corresponde ao elemento do par que mais aprecio? Talvez por ser o temido, que é aquele que se contrapõe ao imaginado. Ambos são criações, varia apenas o destinatário da impostura. Acaba por ser mais cordato o da imagem oferecida a terceiros, pela submissão à norma, do que aquele que, em sua casa, pode exercitar e exercer livremente a sua tirania sobre o duplicado que também é, não sendo.